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João Paulo Félix Atleta

João Paulo Félix Atleta

13
Jun20

Ciclo Viagem Viseu-Porto 126k

JP Felix Atleta

Ciclo Viagem

Viseu-Porto 126k

Passagem por São Pedro do Sul, Vale de Cambra, Espinho e na Granja vim pela Ciclovia até Gaia. Tive a alegria de ter a companhia do Nuno André que levou-nos na zona Porto e Gondomar por uma ciclo via secreta.

E durante todo o dia a "Volta a Portugal a Correr" sempre no pensamento.

 

30
Set19

David Clemente - "O meu ilustre convidado de honra"

JP Felix Atleta

Blog – Ora aqui estou com o David Clemente, muito obrigado por aceitares o Convite é para mim uma honra muito grande poder falar contigo um bocadinho poder conhecer-te melhor. Estamos num Parque em Almeirim com uma vista espetacular sobre a Serra de Aire e Candeeiros que não é muito longe daqui. Já correste além?

DC – Já, já, já fiz imensas provas na Serra de Aire e Candeeiros.

Blog – Aliás tu és natural não muito longe da Serra de Aire e Candeeiros. És natural de…

DC – Batalha!! É mesmo pertinho da Serra D´Aire. Da Batalha a Porto de Mós são 8 kms onde se encontra a Serra de Aire e Candeeiros .

Blog – Lembras-te da 1ª prova que fizeste na Serra de Aire e Candeeiros?

DC – Já não me lembro!! Mas a 1ª prova de trail que participei foi o Night Xmas Trail em Leiria. Já foi em 2012. No entanto, já me tinha iniciado nas provas de estrada em 2011.

Blog – Em estrada corrias aonde?

DC – Era mais em Lisboa e na zona de Santarém: Cartaxo, Benavente, Salvaterra de Magos e aqui em Almeirim.

Blog – Quais são as tuas provas preferidas?

DC – Eu gosto mais de provas de trail.

Blog – Gostas de fazer distâncias longas?

DC- Eu gosto é de distâncias médias, longas cansam muito.

Blog – É uma seca!!! (risos)

DC – Provas de 30k é o ideal!!

Blog – Tira-se mais prazer, nas provas longas depois também se entra naquela…

DC –  Demora imenso tempo, começa-se de noite e só se acaba no outro dia, é muito cansativo!!…

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Blog – Este ano tenho-te acompanhado no FB e reparei que tens feito muitas provas. É quase 2 por fim de semana…

DC- Pelo menos faço uma prova por fim de semana. No entanto, há alguns fins de semana que faço duas.

Blog – O que é que “encontras” na corrida? Tu divertes-te imenso nas corridas e uma das coisas que admiro muito em ti é precisamente esse fair-play que tens porque és um congregador da malta do Pelotão. Estás sempre em grande festa, em grande convívio e alegria.

DC – Eu gosto de correr, mas a principal razão que me faz participar em corridas é o convívio com os amigos. Outra razão é a bonitas paisagens que se podem encontrar nos trails.

Blog – Gostas de estar à mesa, conviver. Diz-me lembras-te quando tiraste a 1º selfie?

DC – Antigamente, ia às corridas e não tirava selfies. Comecei depois a tirar selfies nos trails, em jeito de brincadeira, primeiro às paisagens e só depois mais tarde com os amigos. No entanto, já não me lembro da data da 1ª selfie.

Blog – Tem sido um sucesso. Até tens a página “Clube de fãs do Selfieman”.

DC – Criei a página por ter imensos fãs das minha selfies. Foi mais por brincadeira e os fãs gostaram. Neste momento tenho 250 fãs a seguirem a página e o número continua a aumentar!!

Blog - E vais ter mais fãs porque o selfieman é um individuo que é bastante adorado pel@s colegas do Pelotão

DC – Para isso, tenho que dedicar mais tempo à minha página para ter uma maior adesão dos seguidores.

Blog – Voltando aqui às Serras. Já fizeste todas as Provas na Serra de Aires e Candeeiros. Qual é a tua Serra de eleição onde gostas mesmo de fazer Trail?

DC – Já fiz praticamente todas as provas na Serra de Aire e Candeeiros, a serra tem trilhos muito bons e uma grande dureza. Além disso, esta serra fica perto de casa e dá jeito participar nas provas que lá decorrem. No entanto, a Serra que mas gostei foi, sem dúvida, a Serra da Lousã, as paisagens e os trilhos são fantásticos.  Na Serra Lousã trail é puro!!

Blog – Qual a prova que fizeste por lá?

DC- Já fiz 4 vezes o Trail da Lousã na distância de 50kms e o UTAX na distância de 115kms, mas que não cheguei a terminar. Era a minha primeira ultra de 3 dígitos e não aguentei até ao fim. A chuva e o frio acabaram por ditar o fim da minha prova e fiquei nos 85kms. Também já participei nos Trilhos dos Abutres na distância de 50kms mas também não conclui porque barraram-me aos 30 k.

Blog – Estás a fazer algum Campeonato neste momento?

DC – Não, eu só fiz em 2014 e 2015 é que fiz o Campeonato da ATRP depois nunca mais me inscrevi em campeonato nenhum. Agora escolho as provas conforme me dá jeito, umas por motivos económicos, outras por motivos de localização. Muitas vezes escolho por ouvir boas críticas por parte também dos amigos, ou simplesmente porque vou atrás dos amigos.

Blog – Tem sido um ano bombástico na tua carreira desportiva. Já fizeste quantas provas?

DC – Faço todas as semanas… já vamos com quantas semanas? Já nem sei…

Blog – Estamos em Junho…

DC – Devo ter feito umas 50 provas.

Blog – Quais são as sensações que tens quando corres?

DC – Há dias que vou com mais espírito de competição e vou mais concentrado. Mas na maior parte das vezes vou às provas na brincadeira, só para me divertir e usufruir da Natureza. Correr dá-me uma sensação de liberdade. faz-me muito mais feliz e alivia o stress.

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Blog – Tens imensos episódios engraçados eu já presenciei alguns estou a lembrar-me numa prova longa, de 50kms, em que passaste por mim. Passaste por mim por volta do k45 ias todo bem-disposto já eu ia muito acabado (risos). Lembras-te de uma situação muito divertida que tenhas tido numa prova de trail? Uma cena muito engraçada que tenhas divertido muito…

DC – São tantas Provas! Lembro de uma situação muito engraçada no Ultra Trail Serra da Freita k65 em que levei umas sapatilhas já muito usadas e ao km 5 rasgou-se a sapatilha e fiquei com o pé quase de fora. Não desisti!! Usei algumas fitas de marcação que estavam caídas no chão, mas não funcionava por muito tempo. Até que num abastecimento estava um apoiante de um outro atleta que me viu naquele estado e deu-me um rolo de fita isoladora plastificada que usei para enrolar à volta da sapatilha. Tive de repor a fita várias vezes pois descolava-se. Mas num certo momento usei tanta fita isoladora que parecia que tinha uma bota plastificada. Foi motivo de risota para muitos atletas e pessoal da organização. Acabei por nunca desistir e conseguir chegar à meta desta duríssima prova de trail.

Blog – E uma situação difícil que tenhas vivido numa prova? Lembras-te de alguma?

DC – A pior situação que tive foi lá no Récua Douro Ultra Trail, onde tive vómitos por volta do k60. Senti-me muito mal e tive de parar num abastecimento que era num quartel dos bombeiros. Eram 80k no Douro Vinhateiro com muito desnível, cerca de 4500m D+. Os abastecimentos eram muito espaçados e fiquei sem água por muito tempo.  

Blog – Mas conseguiste superar?

DC – Sim, fiz tudo! Depois de descansar quase uma hora no quartel dos bombeiros, fiz os restantes 20 kms com o meu amigo Francisco Cachulo. Ele nunca me deixou sozinho até cortar a meta!!

Blog – Há um lado na superação que é fascinante. Este ano tens feito umas provas de mais de 100k. Estou a lembrar-me de pelo menos 2.

DC – Ultra Trail de Conímbriga em Condeixa-a-Nova e Ultra Trail de São Mamede em Portalegre.

Blog – O Ultra Trail de São Mamede não estava previsto?

DC – Não estava prevista nenhuma. Para o Ultra Trail de Conímbriga um colega é que me arranjou um dorsal em cima da hora…

Blog – Com quanto tempo de antecedência?

DC – Foi-me oferecido o dorsal na sexta feira de tarde para ir participar nesse mesmo dia à meia-noite. Para o Ultra Trail de São Mamede já comprei o dorsal uma semana e meia antes e pedi para trocarem os dados da inscrição. Mas nenhuma estava programada com antecedência, por isso não treinei especificamente para nenhuma delas.

Blog – Este ano o Ultra Trail de São Mamede foi mais duro?

DC – Não te sei dizer porque foi a minha primeira participação nesta prova. Mas falei com os meus colegas e eles disseram que esta edição foi mais dura que as anteriores.

Blog – A avaliar pela taxa de desistência que houve….

DC – Desistiram cerca de 150 pessoas.

Blog – e também foi a mais longa, habitualmente tinha 100 kms. Há aí uma série de coisas que dá para perceber que a prova foi mais difícil. E no estrangeiro gostavas de participar nalguma Prova?

DC – Eu vou no próximo mês.

Blog – Vais aonde?

DC – Vou ao Andorra Ultra Trail à prova Marató dels Cims 44kms

Blog – Deve de ser espetacular!

DC – É no dia 20 de Julho, a um Sábado!

Blog – E depois ficas por lá 1 dia para descansar ou vens logo trabalhar? Como é que vais fazer?

DC – Vou estar a descansar 4 dias antes. Depois da prova tenho logo a viagem de avião para Portugal.

Blog – Como é que é os teus treinos? Como é que fazes?

DC – Os treinos… nunca segui planos nenhuns. Normalmente, só faço treinos de grupo. O tipo de treino é conforme o que o grupo decidir fazer.

Blog – Durante a semana vais ter com vários grupos?

DC – Há 3 ou 4 grupos que gosto de ir. Durante a semana alterno entre os vários treinos que existem aqui na zona, conforme me dá jeito. Normalmente nas Segundas e Quartas vou ter com o grupo dos “Pacemakers” em Santarém. Terças vou treinar com o grupo dos “Granho Runners” no Granho. Em Almeirim treino com os “Madrugas” mas já não tenho o dia certo. Tento sempre conciliar estes treinos com o ginásio onde faço reforço muscular.

Blog – Qual é para ti a vantagem de treinar em grupo?

DC – Acho muito mais divertido, há muita convivência entre os atletas e o tempo passa muito melhor. Treinar em grupo dá muito mais motivação e incentivamo-nos uns aos outros.

Blog – E também fazes bicicleta no dia a dia?

DC – Sim. Vou de bicicleta para o trabalho 2 ou 3 vezes por semana. Trabalho em Coruche e Salvaterra de Magos e quando me é possível deixo o carro em casa e desloco-me de bicicleta. Geralmente, vou mais vezes para Salvaterra de Magos porque calha nos dias que não tenho treinos de corrida. O percurso é muito acessível, quase plano e a viagem faz-se muito bem, são 27 kms para cada lado. Para Coruche, o percurso já tem uma maior dificuldade, tem algumas subidas e a distância já é maior, cerca de 33 kms para cada lado.  

27
Dez18

Orlando Duarte - O meu ilustre Convidado de honra (parte II)

JP Felix Atleta

Blog – O Orlando é um Atleta multifacetado, um Atleta de estrada, praia, corta-mato ou de trail, um Atleta solidário (corre pela SPEM – Sociedade Portuguesa Esclerose Múltipla), colaborador/administrador da Página dos Fãs da Analice. Mas falta a tua parte da estatística. Investe muito no acompanhamento dos Atletas sobretudo nas Provas estrangeiras. O que é que sentes do outro lado do computador quando estás a acompanhar um Atleta? Quais as emoções?

OD – Isto é assim, eu adoro números, adoro estatísticas. Desde miúdo, eu não fiz grande escolaridade, tenho o 9º ano, mas na escola primária em contas aquilo era canja… E então os trabalhos de casa, tudo o que era aritmética era feito num ápice... A escrever já não era tanto. Hoje já gosto de escrever, mas quando era miúdo era a pior coisa, e as redacções então era… as coisas foram mudando... Ainda hoje, às vezes, não apetece... mas é um pouco como o comer e o coçar, o mal é começar...

Blog – Mas tu sabes muito de estatística… Ainda antes desses acompanhamentos quero-te dizer que a minha modalidade preferida quando era miúdo era Ciclismo. O meu pai praticou Ciclismo amador e adorava Ciclismo e quando havia a volta a Portugal íamos ver as chegadas, íamos ver as partidas, as passagens e ia ao Estádio de Alvalade. O antigo tinha uma Pista de Ciclismo e de vez em quando faziam-se lá “os critérios” como chamavam naquela altura e quando isso acontecia o meu pai levava-me. Eu era o mais novo ia com ele e então foi a minha 1ª Modalidade. Eu adorava Ciclismo pela volta a Portugal e por esses na Pista pelos “critérios”. Com a idade começou a aparecer também o Atletismo e, aos poucos, comecei também a gostar do Atletismo. O Futebol foi a 3ª modalidade que eu passeia gostar em miúdo.

Blog – Praticaste futebol? OD – Pratiquei Futebol mas nada de especial. Pratiquei Futebol mas federado não. Quando comecei a acompanhar o Atletismo, lá está, começou a entrar a “febre” dos números... houve uma altura que eu sabia todos os recordes do Atletismo masculino e feminino de todas as disciplinas eu sabia os recordes todos.

Blog – Um trabalho enorme de pesquisa. Era através da Spiridon? Qual era a fonte?

OD – Ia lendo no jornal, no Recorde, ia anotando…

Blog – Um trabalho valioso…

OD – Esta coisa do Arquivo, da estatística já vem de trás. Depois, quando falo no Recorde - porquê? O Recorde tinha um Jornalista que corria, felizmente, que ainda é vivo que é o nosso amigo Arons de Carvalho. Ele sim, tem um acervo estatístico do melhor que há e em termos de Atletismo, não é da corrida. Aparece a Revista Atletismo que era do Arons de Carvalho, não era da Xistarca. A Xistarca comprou-a depois mais tarde. Eu comprava, também, a Revista e aí comecei, também, mais tarde a ter mais dados e quando ia ver o Campeonato Nacional de Atletismo e os meetings. Havia uns meetings muito bons nos anos 80 que era no 1º de Maio organizados pela CGTP em que vinha aquela malta do leste. Eram soberbos, sobretudo, nos lançamentos, nos saltos, porque nas Corridas estávamos cá nós nos 5000, 10 000.

Blog- Nessas disciplinas não…

OD – Não, estávamos a anos luz deles. Eu gosto de Atletismo. Há malta que gosta da Corrida. É diferente, eu gosto de Atletismo e da Corrida. Eu vibro ao ver um dardo percorrer todo campo de futebol e cair lá junto à baliza. Aliás, a evolução do dardo foi de tal modo que tiveram que aumentar o peso do dardo e o centro de gravidade para ele descer mais cedo. O dardo corria riscos de passar o campo de futebol e a pista. Portanto, ver aqueles lançamentos de peso a mais de 20 mt delirava com aquilo. E nas Corridas na Pista, eu levava sempre um bloco de notas já com os tempos de passagem compilados por mim com as tais contas e as médias. Ora bem, se o recorde nacional dos 5000 está em 13 qualquer coisa… lá está, eu agora já não tenho memória como tinha…

Blog – Mas tens lá guardado?

OD – Sim, mas na altura, eu sabia quanto é que era o recorde, ora em média isto dá “x” por km, portanto, ele vai passar aos 2 quarenta e qualquer coisa ao 1º km, 5 e “picos” ao 2º. Tinha um cronómetrozinho que na altura ainda era de dar à corda, nada digital, e eu aos 1000 tomava nota e via que a Prova ia para recorde ou não. Eu vivia a Prova por dentro e por fora. Isto para dizer que já tinha esta escola nesta área. Até que em 2008 eu tomo conhecimento… aliás, eu já tinha tomado conhecimento já sabia do Mont Blanc, do Ultra trail do Mont Blanc, só que em 2008 há uns amigos sobretudo uma amiga que ainda hoje corre que é minha amiga a – Célia Azenha- e eu vou pesquisar à Página da Corrida e começo a ver que há hipótese de a acompanhar porque o Mont Blanc, tanto quanto sei, foi a 1ª Prova que dispôs de um acompanhamento ao vivo na hora na Página oficial. Eu comecei a ver aquilo vou acompanhar. Fui à lista de inscritos, e vi que não era só a Célia há aqui mais gente.

Blog – Havia mais portugueses, não muitos, nada como hoje…

OD- Não, eram uns 10 ou 12 e eu tomei nota. Na altura não tinha grande formação no excel. O excel para mim era chinês. Nessa altura, e era tudo à unha, eu tinha um bloco ia apontando, ia fazendo contas.

Blog – Funciona sempre…

OD – Até que pensei “espera aí, eu estou a fazer isto para mim” porque não partilhar com mais amigos? Então passei a partilhar, primeiro no fórum e depois no FB. No caso do utmb são 48 horas intensas e duas noites muito mal dormidas, mas duma satisfação plena! Por isso é que há pessoas que me admiram bastante… eu faço pesquisas, que me consomem horas, para estatísticas. Contudo, tenho trabalhos de horas que, por vezes, podem ser vistos por muita gente mas que se manifestam pouco, tenho trabalhos de horas e horas com 7,8, 10 “gostos”...

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Blog – É um investimento brutalíssimo…

OD- Pois, mas a questão é esta - é que eu á partida estou a fazer o trabalho para mim, porque eu gosto. Se houve 10 pessoas que também viram e gostaram, tanto melhor!

Blog – Mas há muitas mais, tenho visto no Facebook cada vez mais vais tendo mais mensagens a valorizar o teu trabalho. Acho que é bom…

OD – Mas o meu objectivo não é esse, nunca me pus em bicos de pés e jamais o faço a troco de “gostos” e de agradecimentos. Por isso, Já houve uma vez um tipo que me ofendeu... porque se eu te disser o que ele disse, vais dizer ah não é grave. Pois não, mas ofendeu-me por ser uma afirmação injusta, quando ele disse qualquer coisa do género: “ah, você faz isso por egoísmo, pelo seu ego, você anda à procura é de likes”. Respondi-lhe: se andasse à procura de likes já tinha parado há muitos anos... Na fotografia é a mesma coisa, faço porque gosto, como já disse, é outra paixão que tenho. Se andasse à espera de likes e mensagens de agradecimento, também não havia fotos para ninguém!

Blog – Nem nunca tinhas começado, no papel não havia likes.

OD – E nessa prova (utmb) ainda hoje recordo-me de vez em quando desse acompanhamento… ah e em 2008 não era no Facebook era no fórum do Mundo da Corrida. As pessoas não tinham os telemóveis avançados como há hoje, e nem toda a gente tinha computador, então as pessoas iam ao fórum e viam todos os dados que eu lá tinha e começavam a vibrar comigo. Eu vibrava, eles vibravam comigo, eu era o 1º a vibrar depois relatava e era engraçado eles “vá lá Célia tu consegues!”... E a Célia completou as 100 milhas... aquilo eram 46h tempo limite e ela fez 45h52m ou 54, ela ficou a 6 minutos ou 8 do limite. Foi um espectáculo! Eu adorei aquela experiência. E daí para cá nunca mais parei! É a Prova que eu tenho mais acervo é o Mont Blanc depois começaram a vir outras provas o Tor des Geants o Ehunmiilak, a Transgrancanaria, Andorra, etc, etc, Blog – a Maratho des sables, já tem alguns anos…

OD – Sim, sim, a Maratona das Areias, nasceu quando o Sá vai lá pela 1ª vez. Infelizmente, relativamente à Maratona das Areias tenho uma mágoa de quando a Analice fez a maratona das Areias que eu acompanhei ainda foi no fórum, o que aconteceu é que o fórum o Mundo da Corrida foi pirateado e “morreu”, mas depois depois foi ressuscitado e é nessa altura, ou seja, é nessa 2ª vida do fórum que se dá a ida da Analice à Maratona das Areias e eu acompanhei através do fórum e tinha lá tudo, só que o fórum desapareceu outra vez…

Blog – Não tinhas uma 2º cópia ou uma coisa do género

OD – Não tenho grandes dados estatísticos dessa Prova da Analice. Tenho de memória sei que ela chegou perto dos 650º, em mil chegados, mas aqueles tempos por etapas que eu tinha tudo não tenho...

Blog – Numa palavra só “a corrida para ti é…”

OD - Prazer

Blog -Quais são os teus ídolos da Corrida?

OD – Ao contrário da maioria que idolatram o Lopes, eu que sou um amante do cronómetro, para mim foi o Mamede. O Mamede teve um desempenho do mais alto nível e melhor que o Lopes. Quando digo aqui menor qualidade não estou a beliscar a qualidade do Lopes, o que é facto é que com menos qualidade teve mais frutos! O Mamede, se a memória não me atraiçoa, foi por aí 5 anos recordista do mundo. Portanto, 5 anos do mundo e 10 anos da Europa e houve um período de 6 ou 7 anos em que ele não perdeu uma prova de 5000 mt e 10 000 mt! Nos tais meetings onde se corre para a marca. Ali, nos meetings é qualidade. Nos campeonatos é as medalhas, não importa o tempo. Nem importa como é que se ganha, e o Lopes foi vítima disso porque perdeu algumas medalhas. Eu recordo-me do Finlandês nos Jogos Olimpicos em 76 (Lasss Viren), em que ele nas ultimas 2 voltas vai-se embora, mas andou mais de 9 km na “mama” e depois foi-se embora.... E havia um outro “amigo” do Lopes, que era um italiano, o Alberto Cova, que era um homem que fazia as provas de 10 000, e como sabes, são 25 voltas à pista, e ele fazia 23 de balanço e 2 para ganhar a prova. O Alberto Cova nunca teve assim grandes resultados grandes marcas extraordinárias mas tem uma data de títulos. Por isso, reforço, por amor ao cronómetro, o Mamede nesse aspecto foi o meu ídolo!

Blog – Quais as características que mais admiras num Atleta?

OD – Já abordamos isso, é a sua tenacidade, a sua garra, o seu espírito de sacrifício, e a sua humildade e aqui bate mais uma vez o ponto do Mamede-Lopes. Eu gosto mais do Mamede não tenho amizade pessoal com eles, mas conheço-os e pelo o que leio, pelo que eu oiço, e pelo que vejo, ultimamente o Mamede é convidado para palestras e para ir às escolas e está sempre disponível e o Lopes já é mais difícil... Portanto, uma característica que eu gosto nos atletas é a humildade.

OD – Há um ponto que eu costumo abordar nestas entrevistas que é a questão do português da língua portuguesa

Blog – e as terminologias das provas? Deixa-me adivinhar. O running. Qual a tua opinião sobre isso? Havia necessidade ou não havia necessidade? (risos)

OD – Não, não há necessidade. Eu admito em algumas Provas que têm expressão internacional e têm alta participação estrangeira. Eu dou-te o exemplo da prova da Madeira. Abreviadamente é o MIUT, mas o que é que quer dizer MIUT? É o Madeira Island Ultra Trail, mas aí eu dou o braço a torcer porque o MIUT por incrível que pareça 60% são estrangeiros. Ora se é para atrair estrangeiros convém pôr o nome em estrangeiro…

Blog – A Madeira turística, a ilha enquanto destino…

OD – Agora, estás a ver uma Prova de Bairro, ou da Freguesia lá do interior... eu recordo-me (essa prova depois mudou de nome ou acabou), mas ficou-me na memória que era uma prova em Leiria à noite em que o nome era mais ou menos… o Christmas by night race Leiria! Outra prova que também me “irritou”, é uma Prova há ali para Aveiro em homenagem aos bombeiros também tem assim um nome…

Blog – qualquer coisa sweet fire qualquer coisa do género

OD – Com todo o respeito que merecem essas opiniões desses organizadores, mas acho isso uma bacoquice...

Blog – É a globalização, estes estrangeirismos, estes inglesismos.

OD – E é aquela celebre frase que a gente leva ou nas camisolas ou nas medalhas que é o “finisher” que eu também detesto, eu uso o finalista, para mim é finalista. Mas lá está, numa Prova como a Maratona de Lisboa, por exemplo, que é uma Prova que traz muitos estrangeiros faz sentido.

Blog – é quase ela por ela 50% nacionais e 50% estrangeiros?

OD – É mais! Na Maratona de Lisboa mais de metade são estrangeiros. No Porto é ao contrário é mais portugueses. Mas pronto, isso também é natural que o estrangeiro opte pela Maratona da Capital do país...

Blog – Nós fomos outra vez eleitos o melhor destino turístico do mundo e isso a reboque também vem mais gente…

OD – o facto da Maratona do Porto ter mais participantes portugueses isso também funciona a favor do Porto, quer dizer que os portugueses gostam mais da maratona do Porto do que a de Lisboa. Por este ou por aquele motivo gostam mais da Maratona do Porto, mas os recordes estão divididos entre Lisboa e Porto; participantes, homens, mulheres, mais estrangeiros. O Porto tem umas coisas melhores, Lisboa tem outras. O Porto tem o recorde que é a prova com mais classificados quatro mil setecentos e tal...

Blog – E agora temos outro figurino de Maratonas. Estou a pensar de acordo com aquela ideia que falávamos à bocado sobre as provas de montanha as dos Carlos Sá, a Extreme Maratona do Gerês a do Sistelo. Nós neste momento temos algumas 6 Maratonas de Estrada. Temos a do Funchal e falta-me uma que agora não me lembro.

OD – Depois há outra coisa que as Provas podiam sempre adoptar que é o bilingue podiam sempre por o nome em português barra estrangeiro. O finisher podiam por barra finalista porque por exemplo, o atleta estrangeiro chega ao fim leva a medalha soa melhor o finisher do que o finalista, mas o contrário também é verdade!

Blog – Há o lado do inglês ser uma língua universal mas é uma coisa importante porque a perseveração da nossa língua é uma homenagem á nossa história, à nossa identidade

OD – A língua portuguesa é uma língua riquíssima. Eu uma vez li uma ideia engraçada que achei muita piada, ela dizia: “a língua portuguesa é como um faqueiro”. Sabemos que há faqueiros com várias quantidades de peças, e depois, para além da quantidade, há a qualidade. Ora, a nossa língua é um faqueiro de grande qualidade e com uma grande quantidade de instrumentos. Na qualidade do metal, há faqueiros de alumínio, há faqueiros de inox, há faqueiros de bronze, há faqueiros de prata, há faqueiros de ouro. A nossa língua é um faqueiro imenso e de ouro! Agora imagina, estás a comer com um faqueiro de ouro, mas fazendo uma analogia, agora há a mania de dizer que há várias “ferramentas”, saber que a língua inglesa é uma “ferramenta”, então, para ficar a analogia mesmo certinha, é tu estares a comer com garfo e faca de ouro e depois tens outra ferramenta (os anglicismos) que é uma chave de fendas e depois pegas na chave de fendas e espetas na batata, quando tu tens um garfo de ouro e abdicas do garfo de ouro, pegas na chave de fendas e vais espetar no alimento e trazes o alimento à boca. Ou seja, nós temos uma língua com uma data de vocábulos e vais buscar um anglicismo para pôr ali no meio duma língua riquíssima! Eu compreendo que haja situações Profissionais, às vezes ouço informáticos a falar e não percebi nada... mas isso já se está a esbater na informática e até noutras profissões.

Blog – Mas essa área tem uma terminologia muito própria, conceitos muito próprios

OD – A questão é essa, a informática não nasce em Portugal, ao vir de fora traz a sua terminologia e aí impõe-se e nós tivemos que ceder... Mas se nós não tínhamos informática e ela veio de fora, a corrida não. Em Portugal já há corrida desde sempre, porque é que a gente tem que se submeter aos anglicismos. Dou-te outro exemplo: o futebol. Nós não tínhamos futebol. O futebol nasce em Inglaterra a meio do século XIX, e vem para Portugal através duns ingleses que moravam em Carcavelos. Foram eles que trouxeram o futebol para cá no início do século XX. Ora, como não havia cá nós tivemos que nos sujeitar. Eu lembro-me, mas lá está, as coisas vão evoluindo, mas neste caso para melhor, eu quando era miúdo ainda me lembro de ouvir em termos de relatos de futebol. O guarda-redes sabes como é que se dizia nos anos 60?

Blog – Era o Keeper. Lembro-me de ouvir os mais antigos eu nasci em 70

OD – Era o keeper, o pontapé de canto era o corner...

Blog – Engraçado, hoje marcar um pontapé de canto é canto…

OD – Agora Já não se fala em corner. O penalti, ainda se continua a dizer penalti, mas hoje já se diz muito grande penalidade...

Blog – os conceitos foram mudando muito

OD- Ui, hoje já se perdeu totalmente já não se chamam fiscais de linha, chama-se arbitro-auxiliar; o fiscal de linha naquela altura era o liner; o defesa era o back, era o back central, o back direito, o back esquerdo... Resumindo e concluindo, não há necessidade!

 

11
Dez18

Orlando Duarte - O meu ilustre Convidado de Honra (Parte I)

JP Felix Atleta

Combinámos encontrarmo-nos no Parque dos Índios em Monsanto. À hora combinada lá estávamos junto à entrada principal. Estava um dia maravilhoso com um sol muito bonito, com uma luz fantástica, aquela luz que parece que só Lisboa é que tem. Começamos a falar e comecei por perguntar…

Blog – O 1º Corta Mato foi aqui?

OD – Exactamente, não tenho a certeza se em 1988, ou 89, eu colaborava com o vogal do Desporto da Junta de Freguesia de Campolide que, curiosamente, era uma pessoa que não era aqui da Freguesia. Morava na Buraca mas veio para aqui através do PCP e eu conheci-o aqui em baixo num outro evento, noutra iniciativa, em que eu vi-o ali um bocado sozinho e desamparado e eu ofereci-me para o ajudar.

Blog – Começaste a apoiar?

OD – Comecei e era o Assessor dele. Depois em 88, curiosamente, nasce de uma situação engraçada. O Executivo da Junta de Freguesia era AD (Aliança Democrática) mas a Presidente que era PSD em 88, portanto, ou seja, no 2º ano do Mandato fez uma “limpeza”, fez uma reforma no Executivo mandou embora os que os outros 6 (3 do PSD e 2 do CDS) e convidou a oposição, o PS e a CDU.

Blog – Uma “coisa” nada comum…

OD – Nada mesmo, o Executivo era na maioria PS e a Presidente era PSD, eram 3 PS´s e dois CDU´s.

Blog – Isso era uma “Equipa e Pêras”, era uma Equipa de trabalho, nessa lógica…

OD – Sim, funcionou muito bem. Então esse vogal do Desporto era da CDU que eu não sabia eu conheci-o ali no Evento que ele organizou aqui em baixo. Eu tinha os putos isto era em 88 a minha miúda tinha 4 anos o outro tinha 9 era assim um evento lúdico e infantil e fui lá ver mas depois o homem tinha mais duas ou três pessoas e era muita criançada. Eu vou ajudá-lo!

Blog – E começou assim essa relação?

OD – E foi assim, eu não sabia quem era o homem. Aliás, como digo ele não nasceu aqui, não sabia quem era o homem, qual era o partido dele quais as ideias. Sabia era que era necessário, a ideia era boa e foi uma amizade que só parou com a morte dele. Morreu com sessenta e poucos anos. Ficámos amigos, bastante amigos, era uma pessoa excelente.

Blog – Uma relação bastante enriquecedora…

OD – Exacto, a partir de 1988 fizemos os Jogos Desportivos da Freguesia.

Blog – Tudo na Freguesia de Campolide?

OD – Tudo aqui na Freguesia de Campolide. Metemos os putos a jogar à bola, a jogar andebol, a jogar várias modalidades e atletismo.

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Blog – Ias organizando e participavas como Atleta?

OD – Nas Provas organizadas pela Junta, não. Até que surgiu a ideia de se fazer um Corta Mato aqui, onde hoje é este Parque dos Índios, e para isso andei aqui a cortar mato com uma machada…

Blog – Corta Mato no verdadeiro sentido da palavra. Notas diferença entre esses tempos em que havia alguma carolice e os dias de hoje com Provas organizadas, quase profissionais. Por exemplo, quando as Juntas de Freguesia juntam-se a Associações Profissionalizadas. Achas que há alguma mudança?

OD – Pois mudou, porque essa carolice como tu dizes foi desaparecendo os “voluntários hoje é à força”.

Blog – E as inscrições como é que funcionavam? Suponho que eram grátis?

OD – Exactamente!

Blog – É curioso que aqui na área da grande Lisboa temos poucas Entidades poucas Autarquias a organizar Provas de Atletismo para todos. Estou a lembrar-me do caso da Moita, Sintra, Cascais e Oeiras e assim de repente...

OD – Há poucas mas isso… Eu defendi quando começaram a aparecer as primeiras Provas pagas no final da década de 70, em 79, 80, começaram a aparecer as primeiras Provas pagas ainda lutei contra isso porque por princípio…

Blog – Defendes o Desporto para todos?

OD – É esse o espírito! Até porque nas Corridas há essa situação bonita porque à partida somos todos iguais, não há estrato social, mas agora se virmos a coisa a montante há porque se a prova custa 20€ de Inscrição, há alguns desempregados, alguns ordenados mínimos que não têm acesso, têm mas é a muito custo, há essa diferença. Acontece que as Inscrições gratuitas, e eu tive que dar o braço a torcer, porque efectivamente nós, a nossa cultura, somos o que somos e o que se revelou é que não havia respeito, lá está, pelos carolas que “roubavam” horas à sua família e ao seu lazer em prol da Comunidade e essa mesma Comunidade depois não correspondia com respeito. Ou seja, o que é que acontecia? As Inscrições como eram gratuitas aquilo eram folhas A4 era “chapa 5”.

Blog – Depois aparecer era mais complicado?

OD – Depois tínhamos 500 inscritos e apareciam 300.

Blog – Com toda a logística preparada, com águas, com prémios?

OD – Com tudo o que isso acarreta. Isso era tudo feito à mão e eu passava serões a fazer dorsais. O dorsal era um papel, um cartãozinho quadriculado e depois ponhamos o número lá, isto era feito, tudo à mão, isto era feito 500 vezes, depois tinha que fazer um furinho. Provas maiores fazíamos o controlo de passagem, tinha uma “coleira”, chamo-lhe “coleira”…

Blog - Um fiozito…

OD - Um fio de nylon e isso tinha que ser feito também, cortar e atar, cortar e atar.

Blog – Estou a lembrar-me que só na Prova da Festa do Avante é que esse fio se usa. É a única que me lembro de momento…

OD – É, e falas numa Prova que caracteriza muito bem a maldade que se faz às Organizações. A Corrida do Avante tem sempre mais de 2000 inscritos e passa ali os 1000 classificados. É uma Prova a rondar os 1100, 1200 classificados e tem sempre 2000 inscritos...

Blog - Lá está porque é gratuita. Na outra vez li uma mensagem que não percebi muito bem. Vais ajudar-me a interpretá-la mas acho que havia 20%, Inscrições pagas, Atletas que fazem a Inscrição e que depois não vão, mais ou menos, não sei da precisão deste número…

OD – Com as Inscrições gratuitas era 60% participantes andava ali nos 55 a 60%. Com as pagas passa sempre dos 90% de participantes.

Blog – Uma taxa de 10% de pessoas que não vão, eventualmente, por vários motivos?

OD – Acontece, já me aconteceu estar inscrito e por motivos profissionais, familiares, ou de saúde...

Blog – Nesse papel de Organizador tiveste muito tempo a organizar Provas em diferentes áreas e em diferentes sítos?

OD – Nesses 2 anos, em 88 e 89, colaborei com o Vogal da Junta e organizamos várias modalidades. Depois em 90, já noutro Mandato, no Mandato seguinte é quando se dá a Coligação “Por Lisboa” foi uma das melhores coisas que aconteceu em Lisboa. Eu penso que é o que poderia acontecer ao país e quando se fez a Coligação “Por Lisboa” em que o PS se entendeu com o PC e foram de 90 a 2005. Foram 15 anos muito bons em que esta coligação funcionou muito bem…

Blog – Continuavas também a competir?

OD – Continuei a colaborar mas esse Executivo entendeu que devia fazer as coisas com mais profissionalismo e não com a minha carolice. Foi contratado um profissional de Educação Física, um Professor de Educação Física, como se chamava na altura, e estava com um plano de trabalhos. Ele elaborou um plano de trabalhos e eu ajudava, pontualmente, essa pessoa. Esse professor teve um ano e tal era o - Pedro Conde - e depois teve que sair. Depois veio outro e esse outro é que esteve práí uns dez anos e então já em 90 nasce a “1ª Dupla Légua de Campolide” . Estive como Coordenador da Equipa mas esta Prova era sempre apoiada por uma Colectividade que tinha atletismo e eu coordenava a Equipa. Tive como Coordenador da “Dupla Légua de Campolide”, 8 anos e depois ainda se fez 3 ou 4 anos e depois acabou.

Blog – Como é que vês este crescimento, se é que podemos falar de um crescimento, de pessoas a correr, pessoas a fazer exercício, sobretudo na Corrida. Como é que vês este crescimento?

OD _ É assim, quando eu comecei a correr em 1975...

Blog – A corrida, as Provas organizadas, eram quase uma actividade proibida?

OD – Antes de 1974 Provas de Estrada havia 3 ou 4, aquelas Clássicas que, felizmente, ainda hoje existem que é o: Grande Prémio Natal, a Volta a Paranhos no Porto, no Funchal. As Provas de Estrada que havia eram essas e não eram disputadas por populares eram disputadas por Atletas Federados. Eram Atletas que praticavam atletismo na pista e depois faziam aquelas 3 ou 4 provas de Estrada. Portanto, com o 25 de Abril nasceu esse movimento do Desporto para Todos e das provas á Porta de Casa.

Blog – Mas não era nada como é hoje?

OD- Não, eu quando começo em 75 já havia algumas Provas mas muito localizadas em Lisboa e depois isto começou-se a expandir, mas havia muito poucas provas, por exemplo, em Agosto não havia Provas. A época ia de Setembro, Outubro, a Junho.

Blog – Contudo, ainda ontem li uma mensagem tua que apesar de haver mais Atletas em termos competitivos baixou a qualidade, os resultados…

OD – Sim, eu ia a dizer em 75 a maior parte das Corridas chamava-se “Grandes Prémios”, não sei se por influência do “Grande Prémio de Natal”, provavelmente. Era uma “Clássica” e muito assistida. Era engraçada, a Avenida da Liberdade ficava cheia porque havia muito essa rivalidade, o “Grande Prémio de Natal”, não era mais do que uma Prova entre o Sporting e o Benfica. Os 30 primeiros, eram 15 do Sporting e 15 do Benfica desde os melhores e depois por aí abaixo, inclusive até juniores. Naquele dia a secção do Sporting e do Benfica juntava-se. A Avenida da Liberdade ficava cheia de gente. Lá nesse aspecto a coisa inverteu-se. É curioso que hoje temos mais gente a correr e menos a assistir e antigamente era mais a assistir e menos a correr. E então essa prova era uma “Prova clássica”, um “Grande Prémio”, e se calhar as Provas a seguir que foram aparecendo era o “Grande prémio de Alvalade”, o “Grande Prémio de Carnaxide”, o “Grande Prémio” dali, o “Grande Prémio” dacolá. Qual é a diferença e qual é a vantagem, e isso se calhar hoje está a reflectir-se… Qual a vantagem desses “Grandes Prémios”? Porque eram Provas por escalões. Hoje tu vais a uma Prova e é tudo adulto, não há jovens a correr, não há miúdos, não há miudagem, e naquela altura não. Havia os benjamins…

Blog – Havia para todos os Escalões?

OD – Havia os benjamins de 9, 10 anos, depois os infantis, depois os iniciados, juvenis, juniores, toda a gente participava e havia percursos próprios que correspondia à idade e isso foi crescendo tanto que em 75 os veteranos era ao contrário de agora. Houve uma altura que no pelotão 80/85% eram veteranos. Agora o Pelotão já está a ser refrescado e já estão, sei lá, 70% são veteranos. Naquela altura, 80% eram jovens e 20% eram veteranos porque os Atletas Federados quando chegavam a veteranos retiravam-se. Não havia Provas para eles.

Blog – Agora vês pessoas a correr com diferentes idades. Isso tem um lado que é entusiasmante?

OD – Pois, em 75, 76, jamais tu vias um homem de 70 anos a correr, era uma raridade. Portanto, esses “Grandes Prémios” tinham essa mais-valias que era as crianças e isso depois vai-se reflectir…

Blog – É um bocado a preparação para o futuro?

OD – Essa bola de neve foi crescendo e aumentando até aos dias de hoje. Só que foi aumentando em quantidade e foi diminuindo em qualidade. Nós fomos uma potência no meio fundo, fundo, a nível mundial e hoje não temos. É uma tristeza no Campeonato do Mundo não temos finalistas nos 10 000mt.

Blog – É curioso quando os Atletas hoje têm mais condições que toda essa geração na altura tinha…

OD – Em 75, se a memória não me atraiçoa, havia uma pista de tartan que era do Benfica que era num campo ao lado do Estádio da Luz, um campo de râguebi, curiosamente e tinha uma Pista.

Blog – Não é só as condições em termos de Pista - estou a pensar nos Fisiologistas, estou a pensar num Personal Trainner, estou a pensar nos Equipamentos, hoje tudo é muito diferente e é curioso que os Atletas hoje têm menos prestações.

OD – Eu acho que hoje já sobra Equipamentos Desportivos para a procura.

Blog – Também tenho essa ideia…

OD – Porque hoje não há um Concelho que não tenha uma Pista de tartan e temos aí centenas de Pistas de tartan e não há procura.

Blog – Voltando à questão da competitividade – o que é que pode estar na origem de Atletas menos competitivos quando têm mais condições?

OD – Eu penso – não tem nada de Cientifico – é uma mera opinião, eu acho que tem a ver com a mentalidade. Eu quando era miúdo, desde a minha tenra idade, estava habituado às dificuldades, aos sacrifícios, tinha que lutar por aquilo, ter espírito de sacrifico e garra. Hoje as crianças estalam o dedo e têm tudo...

Blog – Tem que ver com o facilitismo que acaba de espelhar também na área do desporto?

OD – Sobretudo, nestas Modalidades individuais. No colectivo estas coisas esbatem-se mais, estão mais interligados, uns puxam pelos outros. Estas Modalidades individuais em que o querer, o espírito de sacrifício, é indispensável. Aqueles grandes Atletas que tivemos levantavam-se cedinho e iam treinar e sempre a dar mais. Nós tínhamos um .…

Blog – E alguns trabalhavam…

OD – Não eram alguns, eram todos. Em 74, 75, eram todos puramente Amadores. Depois de 75 em que o Moniz Pereira fez o apelo ao Governo da altura para dar condições aos Atletas é que começaram a ter uma parte do dia. Ou trabalhavam de manhã ou trabalhavam de tarde e depois o Atletismo a outra metade e os resultados começaram a aparecer, mas foi graças ao Mestre - o Moniz Pereira.

Blog – Uma figura central no Atletismo?

OD – Ele em Alvalade tinha uma frase engraçada, quem trabalhou com ele não se esquece, que era “nem que chova picaretas há treino”, e o que é facto é que 9 da manhã chovia torrencialmente e o Moniz Pereira estava no centro do campo com o impermeável à espera. Relatos contados pelos Atletas da altura. Eles subiam o túnel de acesso ao estádio na esperança, o Prof hoje não está cá, a chover desta maneira.

Blog – É preciso liderança, há uma falta muito grande de liderança não só no Atletismo mas se calhar noutras áreas das nossas vidas…

OD – Exacto, exacto!

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Blog – O Orlando Duarte é uma pessoa multifacetada tem esta experiência de Organizador, é atleta. Neste momento, estás com quantas Provas? Registas as Provas todas?

OD – Recordo que comecei em 1975, mas só comecei a registar em 1985. Daí para cá são  680.

Blog – 680 Provas! Isso dá quantos Quilómetros? É uma provocação (risos)…

OD – Tenho 8839 quilómetros de Competição, com treinos ando perto dos 100 000 quilómetros.

Blog – Espectáculo!

OD – Dessas 680 Provas tenho uma maratona e 140 com 20 ou mais quilómetros, sendo que dessas 140 tenho 58 Meias Maratonas. Nas 680 provas gastei 754h57m38s e recebi 545 camisolas!

Blog – Alias a tua corrida por Causas nomeadamente pela SPEM (Sociedade Portuguesa Esclerose Múltipla) que tem muito que ver com este teu lado solidário, de ligação aos outros, este teu lado humano. Porquê a SPEM e o que é que significa correr por uma causa?

OD – Olha, como é que eu chego à SPEM? Eu corri muito por Clubes, eu representei 3 Clubes aqui na Freguesia onde moro e um Clube, curiosamente, de Ovar durante 2 anos por amizade. Desse de Ovar saí porque os meus amigos saíram do Clube e não fazia sentido estar no Clube, estava lá por eles, não saí contra o Clube, não tenho nada contra o Clube, o Clube é o Afis de Ovar; Atletas Fim de Semana.

Aqui na Freguesia representei 3 e de facto saí sempre algo magoado porque os outros sócios dessas Colectividades, que não eram adeptos da Corrida, manifestaram sempre algum mau sentimento… no fundo era inveja, porque nós tínhamos apoios do Clube e como todas as semanas havia uma Prova e  tínhamos deslocações então eles estavam sempre com bocas: “lá vão ou vêm os excursionistas”, nós éramos apelidados de excursionistas, eu aparecia com uns ténis novos e ficavam logo a pensar que tinham sido dados pelo clube, e não era verdade, só 1 dos 3 clubes é que me deu Equipamento, os outros não. Então, havia essas coisas e eu desisti dos clubes…

E decidi: não represento mais Clube nenhum! Depois andei práí uma década a correr individual e um dia numa Prova eu vi umas 4 ou 5 “camisolas Mágica” da SPEM da Esclerose múltipla e um deles era meu amigo abordei-o: olha o que é que se passa aí? O que é isso? E ele fez o que eu já fiz com muitos esclareceu-me o que era a doença, qual era o objectivo, qual era a causa. Disse-lhe, está eleita a minha Equipa! É esta porque eles não se opõem a nada, eu vou correr aonde eu quero, quando eu quero.

Blog – E é uma excelente forma de apoiar a Causa. E tens contabilizado o numero de quilómetros que já correste pela SPEM. São quantos?

OD – Tenho perto de 2000 km nestes 4 anos. Aliás eu tinha como objectivo, nestes 4 anos, que atingia no dia 6 de Setembro, que foi quando comecei a correr com a “mágica”, alcançar as 100 Provas, mas fiquei em 95 e os 2000 km e tenho 1743 km. Não atingi os objectivos porque entretanto lesionei-me em finais de Junho.

Blog – Vais superar e vais voltar…

OD- Sim, tenho duas camisolas novas. Já lá vão 4 camisolas que se vão gastando e agora, precisamente, em Junho em princípios de Junho, adquiri mais duas, porque é também esta a forma de ajudar a Sociedade. Eu corro com a camisola mas tenho que a comprar, não é comprar, é um donativo. O que é que acontece? É diferente, eu sinto a camisola e muitas vezes especialmente nos trails onde andamos mais tempo, muitas vezes eu desanimava e, muitas vezes, reparava na camisola e pensava: há quem esteja pior do que eu e eu estou muito bem vamos continuar!

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Blog – A tua camisola é a especial das especiais porque além de correres pela SPEM tens impresso a fotografia da Analice dá um duplo significado. A Analice eram amigos…

OD – A Analice também correu algumas Provas com a “mágica”.

Blog – Eu lembro-me de uma que até tenho uma fotografia convosco na “Prova do Montepio”.

OD – Exactamente, uma Prova solidária em que…

Blog – A Analice é uma pessoa muito importante para ti e para a tua família vocês tinham uma amizade muito bonita, eram uma família. Partilhaste muitas Provas e muitas vivências com a Analice…

OD – A Analice, eu conheci-a há 30 anos, em 87, ela veio para Portugal em 86, e eu conheci a Analice por acaso através da Revista da Spiridon. Quando eu estou a ver as classificações da 1ª Edição das “12h de Vila Real de Santo António”, à época uma Prova de 12h era uma Prova astronómica e mais astronómico ficou, para mim, quando vejo que o 6º classificado é uma senhora, de nome Analice Silva, do Brasil, com mais de 100 km, salvo o erro 106 km. Aquilo para mim… eu tenho que conhecer esta senhora isto de facto é inédito. E assim foi. Todas as Provas que eu ia estava atento até que um dia cruzei-me com ela cumprimentei-a passei a conhecê-la. Não fui logo amigo dela.

Blog – É preciso um tempo para construir a amizade, vai-se construindo…

OD- A partir dali andei alguns anos a cruzar-me com ela nas Provas sempre … sempre com amizade e respeito, aliás, que era a característica dela. Ela cumprimentava toda a gente.

Blog – Sim, era muito simpática, muito afável, muito disponível…

OD – E é preciso ver que a Analice nesses anos era uma Atleta de grande qualidade ganhou Provas longas, especialmente provas longas que era a “praia” dela. Há registos de Provas que ela venceu e, portanto, podia ser uma pessoa pedante, mas não. Até que as voltas que a vida dá e a Analice teve muita volta, a vida da Analice dava um filme, deu muita volta até que um dia ela cruza-se com um amigo meu aqui do bairro que a convida para vir correr para o Liberdade Atlético Clube.

Blog- Foram colegas de Equipa?

OD – Não fomos colegas eu nunca corri… aliás, eu fiz uma Prova pelo Liberdade uma vez para ajudar a Equipa na pontuação. Na altura fazia-se muito isto, aquilo era por pontos era mais um. Eu dos 3 Clubes que corri aqui da Freguesia não foi o Liberdade A. C. mas esse Liberdade até é o Clube mais perto da minha casa e essa pessoa que a trouxe era o Presidente, o Manuel, que tratávamos pelo Nelo e que depois foi das pessoas mais importantes da vida da Analice. O Nelo foi durante uns 7 anos ou 8, quase que foi o pai dela. Ajudou-a em todos os sentidos quer a nível desportivo era como um agente desportivo dela, quer a nível de apoios monetários. A Analice tinha muitas dificuldades económicas era uma pessoa sozinha e então é aí… isto é nos finais dos anos 90, 99 praí, a partir daí é que eu comecei a ser amigo pessoal da Analice. Depois essa amizade foi crescendo, foi crescendo, e nos últimos 4, 5 anos da vida dela essa amizade passou a ser quase familiar. Ela começou a frequentar a minha casa eu é que depois passei a tratar das Inscrições dela embora ela variasse… ela dizia-me “ah não quero eu não gosto muito de queimar os amigo, tu já fizeste muito”, porque eu às vezes sabia e dizia olha mas foste pedir ao fulano porquê? Eu tratava, e as boleias ela pedia-me a mim depois pedia ao Boleto, pedia ao Mário Lima, ela tinha ali um conjunto de amigos e geria, e jamais queria ser abusadora e então, nos últimos tempos era eu. Como tenho uma irmã, felizmente, a minha irmã está viva, que tem mais ou menos a idade dela, no fundo ela…

Blog – Era mais uma irmã, era outra irmã.

OD- Era outra irmã que, curiosamente, no ultimo ano eu passei mais tempo com a Analice do que com a minha irmã. Portanto, foi… depois os meus filhos adoravam-na, especialmente a minha filha, o meu filho não lidou tanto com ela e, sobretudo, a minha neta. E a Analice também a adorava. Quando ela morreu decidi usar a camisola mágica da SPEM com a fotografia dela. No fundo é, como se costuma dizer, juntar o útil ao agradável.

Blog – É uma t-shirt carregada de simbolismo e de sentimento?

OD – É a minha camisola, é o meu Clube.

Blog – Voltando atrás voltando há questão do trail. Quando é que aparece o trail? Vieste da estrada muitos anos a correr na estrada e depois vais á procura de uma novidade, o trail ainda é recente no nosso pais. Como é que apareceu?

OD – Ora bem, o trail, tal como é conhecido hoje, nasce através dum forúm, hoje em dia tudo passa pelo Facebook, mas antigamente eram os Blogs e os fóruns. Havia um Fórum que era o “Atletas Net”. Estamos a falar em 2003 e depois houve ali uma confusão a malta saiu do “Atletas Net” e fomos para o Fórum do “Mundo da Corrida” e no “Mundo da Corrida”, havia um participante que se chamava Sálvio Nora.  Era uma pessoa com muitas características que eu gostava e era uma pessoa que eu todos os dias lia porque ele todos os dias escrevia algo no Fórum e foi meu amigo virtual durante 4 ou 5 anos. Quando o conheci pessoalmente foi prá aí 5 meses antes dele morrer. Esse Sálvio Nora éra muito amigo do Moutinho, do José Moutinho

Blog – O Salvio é um dos pioneiros da Freita?

OD – Ora, o Sálvio era amigo do Moutinho e tinham em comum a Equipa de Orientação Os 4 Caminhos, porque o Sálvio praticava orientação. O Moutinho também mas o Moutinho tem um passado de Corrida que o Sálvio não tinha. O Sálvio praticou voleibol de alto nível durante muitos anos e depois foi para a orientação e na orientação o treino consiste muito nos trilhos na serra e o Sálvio andava a frequentar a Serra da Freita e um dia em conversa com o Moutinho disse: “eh pá, tens que conhecer aquela serra tem ali um potencial”. Um dia o Moutinho foi à Freita e ficou apaixonado até hoje. Então ele vai lá e isto nos primeiros dias do ano de 2006 já o Sálvio estava doente e começa a explorar a Serra e fica logo com a vontade de fazer ali uma Prova. O Moutinho andava muito por Espanha nas Provas de trail, pelo sul de França também onde o trail já estava muito mais desenvolvido porque nós cá tínhamos Provas de montanha...

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Blog – E ainda temos…

OD –E ainda temos mas as Provas de Montanha são diferentes de Trail as características, as distâncias, a altimetria.

Blog – O piso?

OD – O piso é semelhante! Aquilo é na montanha só que… qual é a diferença da Prova de montanha para o trail? A Prova de montanha, sobretudo, naquelas que eu ainda fiz, têm um perfil sempre a subir e não gostei. Eu adorava corta-mato e depois apareceram essas Provas de Montanha fui experimentar e não gostei porque eram Provas curtas, Provas de pouca distância de 5 km a 10, 12 km no máximo e era sempre a subir, sempre, sempre a subir e vais sempre no teu limite...

Blog –Podemos falar dos 12 km das Penhas Douradas?

OD – Hoje no trail essas Provas já vão existindo mas chamam-se o “quilómetro vertical”.

Blog – É inserida na Prova…

OD- É, é mais um segmento para quem goste de subir tem ali um bom segmento. A ideia é fazer 1000 mt de altimetria de desnível em 7 ou 8, 10 km, imagina isto é sempre a subir. O Moutinho já andava a beber ali do trail do Pais Basco e no sul de França. Acontece que o Sálvio morre em principio de Maio de 2006 e ele decide fazer um trail em homenagem, tanto que o nome da Freita inicialmente e durante uns 4 ou 5 anos e depois foi caindo e hoje já não se diz assim, infelizmente, do meu ponto de vista deveria manter-se mas pronto eles decidiram retirar ou omitir...

Blog – Tinha o nome do Sálvio…

OD – Exactamente, a Prova começou por se chamar “Memorial Sálvio Nora – Ultra Trail Serra da Freita”. O memorial já caiu e hoje é só “Ultra Trail da Serra da Freita”. Eu como muito amigo do Sálvio tinha que estar presente nessa Prova, portanto, em Julho creio que no 1º domingo de Julho de 2006 dá-se então o 1º trail enquanto trail e é aí que nasce o trail em Portugal.

Blog – Há inclusive aquele slogan da Freita “onde tudo começou”.

OD – Exactamente é dentro do que eu expliquei foi assim. Portanto, embora os amantes das Provas de Montanha digam que “isso já havia”, ok, já havia não há como negar eu fi-las mas são diferentes. Portanto, o trail nesta concepção nasceu de facto na Freita em Junho de 2006 e eu como grande amigo do Sálvio quis estar presente e é lá que conheço o Moutinho e então eu fiz a Prova curta, havia duas Provas nessa 1ª Edição era uma de 45 km, que à época era uma loucura...

Blog – Ainda não se pensava nos 100 km da Freita?

OD – E então, apareceram à volta de 50 candidatos e classificaram-se 45. Na Prova curta (15 km) nós éramos prái uns 40 e classificaram-se 32, eu fiquei em 8º...

Blog – Espectáculo!

OD – Correu-me bem gostei e depois fiz a Prova durante 10 anos seguidos até que desisti da Freita por duas razões. E quais eram as “duas coisas” que me levavam à Freita: era o Sálvio e o parque de campismo do Merujal mas acontece, como disse, que a Prova foi perdendo o nome do Sálvio e depois perdeu o parque de campismo porque aqui há dois anos a Partida e a chegada passou a ser em Arouca e aí eu disse: “eh pá, já não tem lá o Sálvio, já não tem o Parque”... O Parque era a adoração da minha mulher, nós íamos sempre dois ou três dias antes e vínhamos sempre um dia ou dois depois. Guardava ali uns dias de férias íamos para a Freita e passávamos lá no Parque de Campismo. Não há Parque, não há Sálvio acabou-se a Freita para mim...

Quanto à fotografia, devo dizer que é uma paixão antiga. Desde miúdo que adoro esta Arte. Nunca fui profissional, mas fiz muita fotografia ao nível da família e amigos. Há mais ou menos 12/14 anos, com o advento do digital, comecei a divertir-me também nas corridas, de preferência nos Trilhos, sobretudo quando, por qualquer motivo, me é impossível correr.

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03
Out18

António Lopes - "O meu ilustre convidado de honra"

JP Felix Atleta

 

António Lopes (AL) é um homem que adora correr, faz quase sempre dois treinos por dia. É um rolador nato (RN).  Para além da participação em Provas “desenha” as suas próprias “Corridas-Aventura”. É autor do Blog “Hobalhamadeus”.

 

Blog – Bom dia António, é provavelmente a última Entrevista que vou fazer depois desta descida (risos)

 

AL – Não, não (risos)

 

Blog – Fazes quase sempre dois treinos por dia?

 

AL – À hora do almoço e, por vezes, de manhã outras vezes à noite depende do tempo disponível das coisas que tenho para fazer e da resposta do corpo como é evidente.

 

Blog - Acabaste as “24h Portugal” em Vale de Cambra este ano superaste a marca do ano passado. Fala-me um bocadinho dessa Prova…

 

AL – É uma Prova que é um bocado mal entendida pela maioria das pessoas que costumam correr porque é uma prova em circuito fechado num Parque Urbano num circuito de 2,130k quem diz isso diz “estes gajos são malucos” então andam 24h à volta, à volta, à volta, à volta. É uma Prova que trabalha essencialmente com a parte psicológica não é só o corpo, é claro, que é preciso treino mas a parte psicológica tem que ser muito, muito forte. São muitas horas, muito esforço, e um grande orgulho ao sentir que se terminou. Posso dizer que é das provas que mais gosto! É uma Prova de resistência, de endurance, de ultra endurance …

 

Blog – Para o ano estás lá?

 

AL- Já está! Já disse ao João Paulo Meixedo e ao Vitor Dias. Tenho o meu Dorsal reservado que é o “13”.

 

Blog – É o número da sorte…

 

AL- É um número agradável, é um número simpático que eu gosto, e é uma Prova muito boa. É uma das Provas que me vêm as lágrimas aos olhos, assim como o final de uma Maratona de Estrada eu fico quase sem reacção com aquilo.

 

Blog – Corres quantos quilómetros por semana contando treinos e Provas?

 

AL – Por semana não sei precisar bem mas faço uma média de 330, 340k mensais. Há meses que faço um bocadinho mais outros faço um bocadinho menos depende um bocadinho da intenção, às vezes, também da vontade mas temos que contrariar a vontade.

 

Blog – Mas tens muita vontade…

 

AL – (risos) isto não é só pensar que se faz!

 

Blog – Então e quando tens menos vontade como é que fazes?

 

AL – Ontem fiz um treino de manhã que não tinha absolutamente vontade nenhuma, tinha sono, estava moído, queria descansar, mas descansar porquê se eu posso ir correr, então fui correr, fui fazer um treinozinho.

 

Blog – Esse truque é bom! Enganar o cérebro que é: “o ter que ir em vez de posso ir”. Isso por vezes é uma dica muito importante.

 

AL – Claro que não devemos descurar o próprio corpo, temos que senti-lo e compreende-lo forçosamente, é uma espécie, é chamado um forcing, dar um empurrão.

 

Blog – António qual é o teu próximo Desafio?

 

AL – O meu próximo Desafio com mais visibilidade dia 21 de Outubro o Ultra Trail da Rota Vicentina de 59k vai de Santiago do Cacém a Porto Covo apanha a Rota Vicentina digo já que é uma rota fantástica, maravilhosa com uma vista marítima e aquelas arribas são simplesmente fantásticas.

 

Blog – E essa é a Prova de Outubro, a grande Ultra?

 

AL – Sim, é! Não tenho nada programado a não ser trails, tenho uma Prova programada no fim deste mês em Alpiarça com 30k uma Prova com amigos.

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Blog – Nesses sentido alias… tens um lado descontraído…

 

AL – Sim, sim, gosto principalmente de me sentir bem, gosto muito de correr, não estou preocupado em grandes tempos. Gosto, de chegar no final feliz, sentir-me muito bem, sentir que o meu dever foi cumprido, terminar a Prova bem de saúde. Principalmente, conviver com os amigos e, conhecer novos amigos também, dar umas palavras dar umas conversas, partilhar emoções, e vivências

 

Blog – Fazes parte da Equipa do Sport Clube da Glória do Ribatejo Secção de Trail Running. Neste momento é uma Equipa com quantos elementos?

 

AL – Com todos os elementos integrantes uns participam mais em Provas outros um bocadinho menos somos 28 (vinte e oito) elementos.

 

Blog – Grande Equipa! Também organizam duas Provas: os 10k da Glória em Dezembro e o Trail.

 

AL – O Trail da Glória do Ribatejo normalmente em Abril, Maio, depende… vamos consolidar mais a data para não perder a chamada dos atletas e a vontade…

 

Blog – Uma data fixa?

 

AL – Uma data fixa, para não andar a mudar muito.

 

Blog – Falaste numa série de qualidades que tens e de coisas que gostas na relação com o desporto e com os outros. Quais são as características que mais admiras num atleta?

 

AL – A humidade, principalmente a humildade.

 

Blog – Pergunto também se tens Atletas que são uma inspiração para ti?

 

AL – Eu tenho dois. Não é chamar-lhes Atletas fetiche mas que admiro muito. São duas pessoas que mantenho uma grande admiração mesmo sem os que conhecer pessoalmente:  é o João Oliveira, uma fantástica máquina de rolar, e o Carlos Sá, tanto a empresa dele que é o Carlos Sá Eventos, como as Provas que ele tem feito e a promoção de Portugal. Acho duas pessoas fantásticas!

 

Blog – Voltando aos amigos… tens feito muitos amigos no Pelotão?

 

AL – Tenho, tenho…

 

Blog – És uma pessoa que estás ligado ao Desporto, gostas de correr e fazes diversos tipo de Provas e é aí que aparece o teu blog é uma bocadinho esta perspectiva… esta tua paixão o Blog “Hobalhamadeus

 

AL – Sim, é uma espécie de divulgação da minha prestação e da Prova em si e da zona em que é inserida, seja em Portugal, ou não, embora não seja muito internacional tenho meia dúzia de Provas em Espanha.

 

Blog – Qual é o principal objectivo do teu Blog?

 

AL – O principal objectivo do meu Blog é dar a conhecer as principais características da Prova e o esforço e a alegria que dá em começar a projetar a ida para uma Prova o percurso todo em que se começa a mentalizar o ir, o levantar dorsais, o correr, o falar com este com aquele…

 

Blog – Fazes uma crónica?

 

AL – Sim, é uma crónica da Prova em si onde eu me incluo. É escrito na 1ª pessoa como é evidente!

 

Blog – Neste momento estás a participar noutro Projecto que é o…

 

AL – Fui convidado por amigo que mantém uma Página Desportiva que é o - tardedesportivasantarém.worldpress.com - que fala sobre o desporto em geral mas que não tinha nada sobre Trail Running então ele embora, curiosamente, não me conheça pessoalmente (o Facebook tem destas coisas tem coisas boas também), convidou-me se eu queria participar na Página e escrever uns artigos e eu disse: “sim senhor, terei muito gosto!”. Propôs-me escrever semanalmente uma Crónica sobre o Trail Running sobre a Corrida de Estrada, outras características de superações, de incentivos, a história em si.

 

Blog – O último artigo é especialmente técnico…

(nota: o último artigo aborda a temática da suplementação)

 

AL – Foi! É um bocado é uma área que as pessoas descuidam um bocado qual o tema?). É necessário alguma pesquisa (como é evidente!), aliada ao conhecimento próprio.

 

Blog – Vais lendo, vais estudando…

 

AL – Sim.

 

Blog – E o “Hobalhamadeus”?

 

AL – Tenho tido reciprocidade, o pessoal falam, dizem: “eh pá, o artigo é engraçado e assim e tal”, e falo em engraçado porque até hoje não tive opiniões negativas.

 

Blog – Que outros hobbies é que tens para além do desporto?

 

AL – Passear sempre que posso com a família. Escrever estou ligeiramente afastado não esquecido e ler muito, leio muito, muito, mesmo muito.

 

Blog – E que obras é que gostas de ler?

 

AL – Eu comecei a ler os thrillers basicamente de escritores nórdicos que têm uma característica de escrita muito intensa e agora passei uma bocado para uma característica de mais aventura, uma aventura adulta com sinais, códigos, descobertas um bocado assim nessa de Dan Brown e James Rollins normalmente fazem-nos viajar, projecta-nos.

 

Blog – Numa palavra só “o que significa a corrida para ti?”

 

AL – Alegria.

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Blog – Fala-me mais um bocadinho de ti…

 

AL – De mim para além de tudo o que se falou o que é que eu posso dizer… sou militar de carreira, sou casado, tenho uma filha, gosto muito dos meus amigos…

 

Blog – Idade?

 

AL – A minha?

 

Blog – Sim?

 

AL –Tenho 47 anos, muito perto dos 48. Gosto, como sabem, essencialmente do convivo com amigos e da partilha de experiências. Acho uma coisa fundamental e que se tem perdido ao longo do tempo. Tenho pena de não conseguir fazer mais, acho que as 24h por dia por vezes não chegam para as coisas que gostaria de fazer

 

Blog – Qual a Prova que um dia gostarias de participar? Um sonho de Prova?

 

AL – Um sonho de Prova?

 

Blog – Sim, ou uma Prova de sonho (risos)

 

AL – (risos) Curiosamente, nunca pensei muito nisso mas uma das coisas que não me está a fascinar ainda muito, e já escrevi sobre isso, é a chamada meca do Trail o Ultra Trail do Monte Branco. Acho uma zona fantástica de sonho espiritualmente ainda não me está a puxar ainda para lá. Tenho curiosidade de fazer uma prova ou uma Aventura das minhas aí por volta dos 200k para sentir o corpo, para ver a resposta que o corpo dá.

 

Blog – No Monte Branco?

 

AL – Não, não…. Algures.

 

Blog – Fizeste há pouco tempo… ligaste o Granho, onde vives, ao Cabo Carvoeiro. Que tal essa experiência?

 

AL – Foi a 2ª experiência de uma série de Aventuras que quero manter fazer entre treinos e entre provas assim o tempo e o corpo o permita que ronda entre os 70 e os 100k. Não são grandes Aventuras mas também não são pequenas Aventuras.

 

Blog – São grandes, nem sempre só a distância define a Aventura…

 

AL – Evidente, são Aventuras feitas em autonomia total, sem apoio nenhum, em que  parto sozinho… por acaso na última vez cheguei acompanhado por amigo que acompanhou-me nos últimos kilómetros nesta Aventura de 91.

 

Blog – Tive pena de não conseguir acompanhar-te!

 

AL – Tinhas-me dito! Este tipo de Aventuras fazem-nos sonhar e fazem-nos sentir que não estamos sós no mundo apesar das horas sozinho, apesar de falares com certos transeuntes e pessoas que estão à beira da estrada.

 

Blog – E apoio, vi que recebeste muito apoio…

 

AL – sim, curiosamente sem conhecerem-me, algumas mensagens que recebi algumas fui vendo pelo caminho não tive tempo de responder, como é evidente, mesmo na estrada, às vezes pensas que as pessoas não são receptivas a este tipo de movimentações…

 

Blog – Mas acabam por ser…

 

AL – Têm provado o contrário, acabam por ser…

 

Blog – As pessoas, por vezes, também projectam um bocadinho delas neste tipo de Aventuras, provavelmente, aquilo que também gostariam de fazer.

 

AL –Sim, acredito, não a Corrida em si mas a coragem de fazer algo fora da normalidade… digamos assim.

 

Blog – Qual a próxima Aventura?

 

AL  - A próxima Aventura não está… embora tenho um esboço…

 

Blog – Conta lá um bocadinho, só um bocadinho…

 

AL – Não sei se foi pela chegada a um dos Cabos de Portugal tenho uma certa curiosidade de fazer mais um Cabo. Da minha casa do Granho, provavelmente, ao Cabo da Roca a distância é mais ou menos a mesma noventa e tal 100k em autonomia total, divertir-me e chegar bem ao final.

 

Blog – E será para o Inverno?

 

AL – Em Dezembro tenho uma Prova ou outra pequena e vou fazer outra Aventura.

 

Blog - Queres acrescentar mais alguma coisa?

 

AL – Não estou a pensar assim em mais nada… agradeço a entrevista!

 

Blog – Eu é que agradeço!

 

AL – E especialmente a companhia, é sempre um privilégio fazer um pequeno treino contigo, por a conversa em dia, promover o teu Blog.

 

Blog – Obrigado!

 

AL – Obrigado eu Félix!

 

Blog – Desejo muita sorte e que continues com esse espirito: fazeres coisas novas, Desafios, Provas, isso é muito importante fazeres amigos e gozar as coisas.

 

AL – Enquanto houver saúde, espirito, tudo se consegue.

 

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24
Set18

Nelson Barreiros - "O meu ilustre convidado de honra"

JP Felix Atleta

 

Nelson Barreiros (NB) além de ser um homem de grande coração é um atleta muito dedicado, muito focado.

 

Blog - Como é que apareceu a corrida na tua vida?

 

NB – A corrida apareceu pelo percurso que estava a fazer de perda de peso que começou com caminhadas, depois caminhadas intercaladas com a corrida, e depois começou a corrida e a paixão pela corrida… a 1ª prova de 7km, 10km a Meia…

 

Blog – Qual foi a 1ª Prova?

 

NB – Foi os 7km, a mini maratona, os 7km da Ponte 25 de Abril

 

Blog – A partir daí não paraste mais foi sempre a subir…

 

NB – Sim, comecei em 2010, os 10k da Corrida do Tejo, depois em 2012 a 1ª Meia Maratona, em 2013 a 1ª Maratona.

 

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Blog – Fazes outro trabalho em volta da Corrida? Não te dedicas só à Corrida propriamente dita, fazes ginásio, bicicleta, caminhas…

 

NB – Sim, alongamentos, o reforço muscular. O alongamento é essencial como complemento da corrida. Agora estou com uma lesão provocada pela falta de reforço muscular, um déficit de reforço na perna esquerda, um déficit de trabalho muscular, e agora estou a apostar muito no trabalho muscular, no reforço muscular para ter uma base consistente para evitar mais lesões no futuro.

 

Blog – Qual o próximo objectivo?

 

NB – A Maratona de Paris em Abril de 2019.

 

Blog – Uma Prova com muitos Atletas?

 

NB – Sim, 50 000 mil pessoas no sítio onde nasci. Uma promessa feita aos meus pais quando fizemos uma viagem a Paris para conhecer o sítio onde tinha nascido quando passei no centro de Paris disse “um dia venho aqui fazer a Maratona”. Foi há 4 anos, está na hora de cumprir a promessa.

 

Blog – Normalmente treinas quantos kms por semana?

 

NB – Depende muito do treino que estou a fazer. Quando treino para a Maratona no topo da preparação numa semana treino 70 a 80 kms.

 

Blog – Mais ginásio, mais natação…

 

NB –Sim, descanso 1 dia, 5 treinos por semana e 1 de reforço muscular.

 

Blog – Fazes muitos amigos no Desporto?

 

NB –Sim, o meu Clube é o NucleOeiras é um Clube formador de jovens que pega em jovens de bairros problemáticos e coloca-os a fazer desporto.

 

Blog – Quantos jovens é que estão no Clube?

 

NB – Cerca de 80 e saem para o Sporting  e para outros clubes maiores. Grande clube formador. Um grande trabalho do Paulo Dias treinador que dedica a vida a essa paixão pela Corrida e à formação… e venho para aqui. Aliás, 90% dos meus amigos do Facebook são das Corridas e isso diz tudo.

 

Blog – Esse trabalho que o teu clube faz é um trabalho muito importante inserir esses jovens…

 

NB – Devia de ser um caso de estudo para o Estado. Olhar para este exemplo e multiplicar este exemplo pelo País. O meio fundo cada vez tem menos atletas de topo.

 

Blog – Tens um lado muito solidário: uma pessoa muito humana, dedicada aos outros, corres por causas, este ano tens corrido pelo “Claramente Asperger” da Rita Nolasco. Fala-me um bocadinho dessa experiência...

 

NB – Correr por uma Causa é completamente diferente… eu fui fazer a 1ª Prova pelo “Claramente Asperger” no Estrangeiro - a Maratona de Sevilha - e correr por uma Causa dá-te aquela energia extra, aquela força extra quando quebras. Fui com pouca preparação, tinha estado lesionado, mas tinha-me comprometido fazer a prova. Fui lá e quebrei ao quilómetro 40 e o correr por uma causa muda tudo, é um compromisso que temos e muda tudo. Tem sido um prazer correr pelo “Claramente Asperger” e ajudar outras pessoas a concretizar os sonhos como tivemos o ano passado os “Homens da Maratona” – o João Ferreira e o Francisco Penim. Fui lá dar uma ajudinha para eles concretizarem o sonho de fazerem a maratona. Agora tenho outro Projecto que são sete mulheres muito ocupadas, mulheres de família, maioritariamente mães com uma agenda muito ocupada que estão a treinar para fazerem a sua 1ª maratona em 2019. São as “Mulheres da Maratona 2019”.

 

Blog – Tu és o obreiro?

 

NB – Sim, tive a ideia.

 

Blog –Gostas muito de ajudar os outros!

 

NB –Sim, houve alturas em que me ajudaram a concretizarem os sonhos agora está na altura de ajudar os outros. O sonho vai ser em Outubro de 2019 chegar com aquelas sete mulheres ao Terreiro do Paço e cortar a meta. Vai ser um momento único para elas e para mim. Tinha a ideia de convidar a minha irmã mas faltava um grupo que a motivasse, que fizessem que umas se apoiassem às outras. É um projecto a dois anos para terem tempo para prepararem como deve ser, ganharem alguma bagagem pois fazer uma maratona não é assim tão simples quanto isso.

 

Blog – Quais os hobbies que tens para além das Corridas?

 

NB – As corridas ocupam-me muito tempo…

 

Blog – Mas fazes voluntariado…

 

NB – Ah, sim, não estava a considerar com um hobbie porque considero uma missão ajudar os outros no Hospital S. Francisco de Xavier na Liga de Amigos. Estou lá há 4 anos e para mim é muito importante aquele trabalho que faço de ajudar os outros, ajudar quem não tem ninguém. Saio de lá sempre de alma cheia. Recebo muito mais do que aquilo que dou. Tenho o compromisso de ir lá semanalmente um dia ajudar. Vou fazer os jantares ou os almoços.

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Blog – Voltando ao desporto… Quais são para ti os Atletas de referência? Pode não ser só no atletismo…

 

NB – Carlos Lopes! Sempre foi o meu atleta preferido. Aquela Maratona de Los Angeles nos Jogos Olímpicos. Cada vez que penso na Maratona vem sempre a ideia de Carlos Lopes, um dos melhores atletas portugueses.

 

Blog – Em relação à Maratona de Paris qual o teu objectivo?

 

NB – A Maratona de Paris não é muito fácil de bater recordes…

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Blog – És muito focado nos tempos…

 

NB – Sim, o meu objectivo é sempre fazer melhor, cada vez melhor, para mim não há “impossíveis”

 

Blog – Estás mais focado na estrada? Dantes fazias uns trails… vais voltar a fazer uns trails?

 

NB – Sim, com este trabalho de reforço muscular estou a sentir-me cada vez mais forte a subir e é provável que volte. O último que fiz, o Trail do Sor, não correu lá muito bem (risos) com 40 e tal graus… aquilo foi muito duro. Acabei com os pés cozidos, completamente desfeito… desisti um bocadinho. Consigo motivar-me mais na estrada porque ando sempre atrás dos tempos, enquanto lá é pelo desafio. Em estrada estamos sempre a pensar em bater os 3:48 que é o meu record na maratona. Então estou mais focado para bater aquele tempo preciso de treinar “X” vezes por semana, fazer “X” kms e com a ajuda do meu treinador vamos conseguindo. Espero agora ter essas bases a nível do reforço muscular para voltar a competir a sério… competir contra mim próprio, não é contra ninguém

 

Blog – Uma história engraçada? Lembras-te de alguma?

 

NB – Na Meia da Golegã em que conheci o João Campos e duas atletas, duas atletas da Marinha, vínhamos os 3 no fim do pelotão… os 3 a curtir, os 3 não, os 4. Estava em baixo de forma, mas vínhamos a curtir na conversa…

 

Blog- Que valores é que associas à Corrida para além da solidariedade?

 

NB – A amizade, tenho grandes amigos na Corrida.

 

Blog – Numa única palavra “A Corrida é…”

 

NB – Vida.

 

Blog – Porquê?

 

NB – A Corrida salvou-me a vida os problemas de saúde que eu tinha senão fosse a paixão pela Corrida não sei como é que estaria agora. A Corrida para mim é a vida, salvou-me a vida.

 

Blog – Ajudou-te muito?

 

NB – Ajudou-me muito! Muito mais disponível para tudo… é outra vida, passar de 120kg para 77. Se não fosse a Corrida andava para aí todo atrofiado. 

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 Blog – Outros assuntos que queiras falar?

 

NB – Um dos grandes objectivos que tenho agora é cativar pessoas para correr. O Grupo das Mulheres da Maratona 2019, tentar trazer mais gente para o desporto. É complicado trazer as pessoas… as pessoas é têm que descobrir… dar o click, é o social, é o convívio com os outros é a amizade. Os amigos da corrida a única coisa que querem de ti é a paixão pela corrida. Tens ali um amigo verdadeiro. É um prazer correr com eles, encontra-los nas provas. Tenho uma amiga que é a Paula Madeira. Não combinamos encontramo-nos e na prova no meio de uma multidão quando olho para o lado lá está a Paula Madeira.

 

Blog – Que é uma das “Mulheres da Maratona”…

 

NB – Que acabou de ser mãe agora e vai fazer a Maratona em 2019. Não tenho qualquer dúvida que a Paula Madeira vai fazer a Maratona em 2019, ela e todas as outras, não tenho qualquer dúvida. Todas com mais ou menos dificuldade, vamos todos chegar ao Terreiro do Paço. E depois da Maratona tenho um Projecto dos 50 anos

 

Blog – Fala um bocadinho desse Projecto…

 

NB – Vai ser um projecto, dia 2 Novembro de 2019 em que vou… isso é uma ideia que já várias pessoas fizeram, vai ser “50 anos, 50km com amigos”. Vai ser em Lisboa, vai passar por sítios que me dizem alguma coisa, sítios de infância, adolescência, o meu 1º trabalho, a minha 1ª casa, a Universidade. Vai partir de um ponto e acabar noutro e os amigos vão-se juntar a fazer 50k como tu vais fazer, outros vão fazer…

 

Blog – É um gosto, é um gosto, para mim é uma honra

 

NB – Uns fazem 2km, 3km outros 10km outros uma Meia Maratona, outros vão dar águas, outros vão só petiscar. Vai começar algures e vai acabar em minha casa com uma grande festa e é uma maneira de me distrair dos 50 anos e juntar os amigos à volta da corrida.

 

Blog – Muito obrigado pela Entrevista! Muitas felicidades!

 

07
Set18

"O meu ilustre convidado de honra" - David Malva

JP Felix Atleta

 

Blog – Praticas desporto há muitos anos – quais os desportos que tens praticado ao longo deste anos?

 

David Malva (DM) – Com mais assiduidade ultimamente é as artes marciais é o karaté, também a corrida mas antes disso fiz badminton, passei pelo atletismo de pista, fiz um bocadinho de râguebi, um bocadinho de hóquei em patins, uma abordagem militar ao paraquedismo, como tu, alguma experiência de apneia, fui tentando diversificado a minha actividade para ficar mais conhecedor e ter novas experiências.

 

Blog – Neste momento estás a fazer um curso de treinador de atletismo?

 

DM – Sim, estou a fazer um Curso de Treinador de atletismo nível 1.

 

Blog – És Mestre de Artes Marciais?

 

DM – Não é Mestre, sou um treinador de karaté 2º grau… sou apenas 1 aprendiz embora tenha uma experiência de 30 anos de karaté.

 

Blog – Tens vários grupos com diferentes níveis de ensino? Tens jovens…

 

DM – Basicamente é de crianças e jovens. Estou-me a dedicar mais a essas faixas etárias. Os adultos hoje não estão a procurar muito karaté. É uma disciplina muito rígida em termos de rigor, em termos de repetições, e hoje em dia as pessoas não estão muito mentalizadas para o treino repetitivo, para o treino monótono que é aquele que de facto nos faz aprender, toda a gente quer aprender as coisas automaticamente, a sociedade anda a afastar-se um pouco das Artes Marciais mais tradicionais ou para áreas mias apelativas e imediatas tais como: o kickboxing, o muay  thai. Eu também alguma formação nessa área.

 

Blog – Além de estares a fazer a formação de Treinador de atletismo, és atleta, fazes diferentes provas de atletismo…

 

DM - … algumas provas da ATRP, não faço mais provas ao fim de semana por opção própria, também, por falta de agenda, tenho que conciliar as minhas actividades profissionais e desportivas, as várias artes e também entendo que quase com 50 anos e com uma abordagem tardia ao trail Running seria prematuro nesta fase estar a enveredar por uma carreira competitiva… uma perspectiva recreação muito assídua, o corpo precisa de muitos anos de adaptação eu ando nessa fase de adaptação do meu corpo de há 4 anos para cá porque estava habituado a esforços de que não têm nada haver com os esforços do trail running. Nas artes marciais os esforços são de curta duração e altíssima intensidade no trail running são respostas de longa duração e respostas de baixa e de média intensidade e o corpo demora o seu tempo a adaptar-se e, nessas coisas, eu prefiro ir com calma fazer poucas provas e boas ao longo do ano e, acima, de tudo, divertir-me muito.

 

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 Blog – Fazes um trabalho fantástico em Oliveira de Azeméis ao nível da descoberta, ao nível de trilho,s de história natural, história edificada isso é um fascínio muito grande que tens e quem acompanha… eu fiquei a conhecer Oliveira de Azeméis apesar de estar fisicamente contigo mas muito por aquilo que vais postando no Facebook fazes uma excelente divulgação da zona isto está ligado à tua área de organizador trabalhas no Centro de Marcha e Corrida e organizas muitas Provas no concelho.

 

DM – Sim, de há uns anos para cá fui convidado a ingressar como Técnico no Centro Municipal de Marcha e Corrida de Oliveira de Azeméis neste Projecto que se afigura como mais apetecível que me foi dada a liberdade para desenvolver foi precisamente o trail running e a caminhada na Óptica do desporto na natureza. Temos organizado imensas provas, temos trazido milhares de pessoas por ano a Oliveira de Azeméis e eu sou de facto um dos construtores dos trilhos. Também, organizo as Provas que na sua esmagadora maioria são provas não pagas muitas delas nem competitivas são, são free trails que nós organizamos com todo o gosto. O Centro Municipal de Marcha e Corrida oferece os seguros, oferece os reforços, e poe-me a mim a trabalhar nesta área e de facto ao longo de 4 anos que já vou nesta actividade tenho redescoberto coisas muito bonitas que as pessoas nem sabiam que existiam, estão no meio de silvados, no meio de mato, que é preciso que é preciso desbravar, ir lá para perceber o que é que lá está em baixo. Depois é preciso juntar as diversas peças do puzzle e tentar construir trilhos. Felizmente, Oliveira de Azeméis é um território muito bonito daí que o nosso trabalho também seja facilitado porque existe coisas bonitas e no compto geral as pessoas apreciam bastante os trilhos que nós apresentamos e ficam satisfeitas.

 

Blog – É um trabalho fantástico e com uma envolvência espetacular, com uma envolvência muito bonita e isso é um trabalho de ouro leva muitas pessoas ao Concelho e consegue mostrar muito da paisagem, as características naturais e tem um potencial enorme.

Fala-me da tua relação com a Serra da Freita…

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DM – É a minha Paixão! Eu sou natural de Coimbra, a minha mulher é natural da Figueira da Foz, e fomos colocados aqui em Oliveira de Azeméis. Quando saí de Coimbra, tinha saído há pouco tempo do Serviço Militar Obrigatório das Tropas Paraquedistas, tinha muito aquele gosto, como tu, de fazer as Provas topográficas, de pegar num mapa e numa bússola e ir à descoberta. Íamos os dois, começamos por fazer aos fins de semana, comprei as cartas militares, comprei uma bussola, comprei um GPS já muito antigo, conheci aqui uma pessoa - o Dr. Mário Araújo Ribeiro, que é um dos maiores conhecedores da Serra da Freita, e comecei a ir para lá e, de facto, foi uma paixão à primeira vista, e de facto a Serra da Freita é um ex libris das Serras em Portugal, não tem grande altitude mas a sua diversidade ao nível da fauna, flora, morfologia, as linhas de água, as vivências das pessoas, as aldeias nas serras, o facto de ter sido ocupada na pré-história, ter vias militares romanas, plantas insectívoras, vistas magnificas para a costa atlântica, desde a Figueira da Foz até ao norte do Porto, para Este, para Oeste, para Sul, sempre com vistas espantosas faz para mim uma Serra que me cativou bastante e ando lá há mais de 20 anos

 

Blog – Espetáculo! Sempre a descobrir?

 

DM – Sim, sempre a descobrir mas acima de tudo e depois tentar fazer a ligação da descoberta às pessoas que lá estão que lá estão neste momento, às pessoas que já estiveram o que é que faziam. Tive experiências fabulosas, de ter conhecido os últimos habitantes, o último casal que habitou a Drave, conheci a ultima habitante de uma aldeia muito perto da Drave que é o Pego, e falar com estas pessoas ouvir a história deles, partilhar um pouco do amor incondicional que eles tinham por aquela serra, aqueles locais ermos, muitas vezes tinham que fazer viagens de uma hora a pé, pessoas de 60 e 70 anos fazer viagens de uma hora a pé por caminhos de cabras para ir buscar a alimentação à aldeia mais próxima para sobreviver lá no meio da neve no inverno coisas incríveis que a nós hoje que vivemos no século XXI com todas as comodidades não concebemos sequer a agrura da vida para aquelas pessoas e a forma como elas conseguiam sobreviver e apesar do ambiente extremamente hostil, em que pouco ou nada tinham, o amor que as pessoas revelam pelo sitio onde viviam era comovente.

 

Blog – Sei que tens muito “arrumado” a tua ideia sobre o desporto. Quais são os valores que associas ao desporto?

 

DM – É complicado dizer isto porque as pessoas podem não compreender. Não dou muita importância à competição, tem que existir num período muito curto da vida do jovem. Para mim a competição em idades adultas tardias acho que já não faz muito sentido. Acho que a competição é para formar pessoas para incutir determinado valor. Hoje em dia quando olhamos para o mundo competitivo, salvo algumas excepções, aquilo que eu vejo é uma competição desleal não salutar que visa o lucro, a vitória a todo o custo, muitos interesses obscuros à volta de fenómenos competitivos, e de facto afasto-me um pouco dessa visão. O Desporto tem que servir para formar eixos sociais, equilibradamente sociais, pessoas que saibam estar na sociedade conviver com os outros de forma social e muitas vezes isso não está a acontecer.

 

Blog – Quais os próximos Desafios?

 

DM – É ir vivendo um dia um atrás do outro organizar aqui algumas Provas, continuar a redescobrir caminhos e a redescobrir pedras tentar perceber qual é a história daquelas pedras, qual é a história daquela queda de água…

 

Blog – Ainda há muito para descobrir em Oliveira de Azeméis?

 

DM – Sim, ainda há, o trabalho ainda está muito por fazer mas também o faço noutros locais na Serra da Freita vou começar a desenvolver a actividade na zona da Figueira da Foz tem lá zonas muito interessantes, fiquei fascinado com a Serra de Montejunto, fui à Serra D´Aires e Candeeiros, há assim vários locais que vale a pena investigar um pouco. Os meus objectivos passam por fazer algumas Provas aí na Serra D´Aire na Serra dos Candeeiros, na Serra Montejunto, Boa Viagem, Freita, Sicó, fazer umas Provas mas sem qualquer veleidade competitiva. Há Aquele corredor de trail que leva a sua máquina fotográfica, levo a máquina e então eu acho que é um disparate estar um dia fora sem mostrar nada do que fiz à minha mulher e ao meu filho, levo a máquina, se no meio da corrida tiver que parar para fazer umas filmagens às paisagens ou aos atletas que passam não tenho qualquer problema em fazer isso. Não tenho qualquer problema chegar à meta 4 ou 5h depois do 1º isso para mim não é muito relevante.

 

Blog – Queres acrescentar mais alguma coisa?

 

DM – Em termos de figuras de referência, uma das figuras é o Carlos Sá. Uma pessoa com quem partilhei algumas experiências e é um modelo de organizador, é um modelo de atleta, no qual eu me revejo é uma pessoa, extremamente, humilde, extremamente, simpática, uma pessoa muito afável, extremamente conhecedora, uma pessoa a quem o sucesso não estragou a cabeça, digamos assim. É daqueles modelos competitivos em que eu me revejo apesar das vitórias que ele conseguiu continua a ser uma pessoa extremamente bem integrada na sociedade.

 

Blog – É uma referência o Carlos Sá…

 

DM – Olha também me revejo na tua forma de estar, na forma como tu encaras os Desafios, na paixão que tu pões nos teus Desafios.

 

Blog – Obrigado!

 

DM – Não é naquela luta desenfreada eu fiz, eu consegui, é conseguires fazer as coisas com paixão ainda com aquela forma de fazer antiga… as pessoas hoje em dia não compreendem muito bem mas é manter a raiz do homem em relação ao mundo que o rodeia vamos conhecendo o mundo de forma espontânea, de forma natural e revejo-me muito na forma como tu o fazes.

 

Blog – Obrigado! Tu tens uma experiência enorme na área do desporto!

 

Fala-me um bocadinho da relação com os Paraquedistas… o que é que aprendeste que possas utilizar numa “Prova dura”?

 

DM – A experiência nas Tropas Paraquedistas foi extremamente enriquecedora, foi um marco, eu acho que é um marco para todas as pessoas que por lá passam, ninguém foi para lá obrigado as pessoas vão para lá voluntariamente e concorde-se ou não com algumas coisas que lá se passaram o facto é que aquilo tentava nos preparar. Visa a preparação do individuo para a superação (por vezes, pode acontecer a morte no campo de batalha). Esse processo de treino pelo qual nós passávamos físico e psicológico foi muito importante na minha vida, compreendi até que ponto é que poderia ir, percebi que quando os músculos dizem que já não podes mais a cabeça diz que podemos continuar, a nossa determinação é que nos faz ir um pouco mais além e isso reflete-se nas provas, nos treinos que nós fazemos. Foi uma grande escola de vida.

 

Blog – Fantástico! Foi um privilégio, foi aí que te conheci e deixa-me dizer-te que admiro-te muito, a tua honestidade e a forma como estás nas diferentes áreas do desporto, esse teu humanismo a forma séria de estares nas coisas…  séria, frontal, isso é uma capacidade de facto inata.

 

DM – Eu tento ser 1 pouco assim pela educação que recebi do meu pai, da minha mãe, pelos familiares maternos que eram católicos mas infelizmente nem todo a gente gosta (risos), da forma como… há pessoas que não gostam de todo de pessoas honestas e sinceras… é o mundo e as pessoas vivem nele.

 

Blog – Ganda Malva, és o maior! Acho que esta é a 1ª das conversas porque ainda vou convidar-te lá para a frente para outras conversas, sobre as tuas descobertas, e espero acompanhar-te a Drave, temos que agendar Drave.

 

DM – (risos) tu é que tens que agendar!

 

Blog – Muito obrigado pela Entrevista!

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26
Ago18

Entrevista - Hélder Jorge Silva

JP Felix Atleta

Hélder Jorge Silva é Ultramaratonista e tem o sonho de concluir o UTMB (Ultra Trail do Monte Branco) na distância de 120k. É o fundador do “Mirandela a Correr”.

 

Blog – Quais são os teus hobbies preferidos?

 

HJS – Os meus hobbies preferidos neste momento é a Corrida.

 

Blog – E para além da Corrida?

 

HJS – E para além da Corrida pouco mais tenho, é mais um pouco caminhada aqui por estes trilhos.

 

Blog – Onde?

 

HJS – Pelos PR´s do Vale do Tua e aqui do PR de Mirandela para Frechas são os trilhos que ando mais e na nossa Serra – Serra dos Passos - que é o meu local de eleição de treino.

 

Blog - Além da corrida que desportos é que gostas?

 

HJS – Para além da corrida gosto de futebol só que, ultimamente, estou um pouco desencantado e à 3 anos para cá ligo pouco ao futebol.

 

Blog- Como é que aparece o sonho do Monte Branco na tua vida?

 

HJS – O sonho do Monte Branco apareceu após a corrida de Sicó. Ali houve qualquer coisa… fazer algo e conhecer um pouco, muita coisa que não conheço na Europa… vai ser em corrida mas vou ter a hipótese de passar em França, Itália e Suíça.

 

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Blog – Esta prova tem quantos participantes?

 

HJS – O Monte Branco nas modalidades todas são 8000 atletas e o TDS com 1600.

 

Blog – A Prova tem quantos kilómetros?

 

HJS – 120k com 7100m acumulado positivo.

 

Blog – Vai ser um grande desafio?

 

HJS – Como sabes tenho este sonho e à 2 anos para cá venho a trabalhar para esta prova com treinos estruturados. É o colminar de uma coisa que sempre quis. Era um menino de asfalto e fiquei a adorar o trail que é uma modalidade realmente bonita.

 

Blog- Falaste em treinos estruturados: tens treinador?

 

HJS – Sim, os meus treinos eram um bocado por acaso hoje fazia 10k amanhã fazia 20 e houve uma fase que comecei a ficar com algumas lesões, algumas contraturas, e houve a necessidade de alguém que me orientasse nos treinos e que encontrei o José Carlos que me ajudou até ao culminar desta Prova que será o Monte Branco.

 

Blog – Qual foi a Prova que mais gostaste?

 

HJS – A Prova que adorei fazer foi Sicó não pelo seu enquadramento mas sim pela distância aquela coisa de nos superarmos e ficou-me gravado na memória e depois tive outras que encantou-me ao nível dessa foi a da Lousã pela paisagem.

 

Blog – Qual a distância das Provas?

 

HJS – Sicó com 111k e a Lousã com 60k.

 

Blog – Tens alguns ídolos no Trail? Atletas que são uma referência para ti?

 

HJS – Não, sinceramente não tenho essas referências… Sou 1 elemento do povo no meio do trail por assim dizer a força do trail está na moldura humana nas pessoas todas em si e não só num atleta ou 2.

 

Blog – Imagina que depois de ler a tua Entrevista uma pessoa começa a correr. Que conselhos e que gostarias de dar?

 

HJS – Em 1º lugar experimentar esta modalidade com algumas cautelas e uma evolução gradual. E outro conselho que daria era preparem-se convenientemente e terem algumas cautelas a fazerem os trails.

 

Blog – Treinas quantas horas por semana?

 

HJS – Neste momento estou a treinar 7 a 8 h por semana.

 

Blog – Tens algum dia de descanso?

 

HJS – Tenho sempre 1 dia descanso que será sempre à sexta-feira. Depois tenho treinos com cargas mais elevadas outros com menos carga

 

Blog – Consoante a Prova que estás a preparar?

 

HJS – Exacto. Neste caso do TDS como é uma prova com algum desnível positivo os treinos são calculados em função disso. Por exemplo, tem 1 desnível 60m ao km muito parecido ao que vou encontrar na Prova.

 

Blog – Criaste o Grupo “Mirandela a Correr”: Há quanto tempo?

 

HJS – Vai fazer 1 ano em Setembro. E isto começou tudo, os meus treinos eram sempre 1 bocadinho solitários… temos sempre a tendência em ter algum grupo, termos mais força e foi com um amigo e que surgiu estas conversas começamos por fazer uns treinos pelas ruas de Mirandela e a passar a palavra a outros atletas e aqui surgiu este movimento que é o “Mirandela a Correr” que está a dar os seus primeiros passos mas eu acho que está a dar passos seguros.

Foto capa.jpg

 

 

Blog – Neste momento há quantas pessoas a treinar?

 

HJS – depende, neste momento há cerca de 20 a 25 pessoas.

 

Blog – E já organizaram  uma Prova - como se chama?

 

HJS – Foi o 1º Trail Nocturno da Cidade de Mirandela com a Confraria do Srº do Amparo. Foi uma prova bonita, foi um bom bocado que se passou aqui.

 

Blog- Voltando à questão da Motivação onde é que vais buscar motivação para concretizares os objectivos? Trabalhas, tens uma vida profissional activa como é que consegues conciliar com a vida familiar?

 

HJS – Isto é aquilo que gosto de fazer para além do laboral é onde me sinto bem é o meu refúgio, a corrida passa por aí é o sitio aonde… é o sitio onde consigo estar a conversar comigo mesmo estar a pensar nas coisas, é aquele bocado que eu sei que vou estar na serra, vou estar a correr a fazer algo que gosto.

 

Blog – Queres deixar alguma mensagem?

 

HJS – A única mensagem que gostava de deixar é que as pessoas se sintam livres, que façam aquilo que realmente lhes dê energia e, saiam um bocadinho da rotina do dia a dia seja a correr ou a caminhar. Foi isto que eu descobri na corrida, realmente, estar um bocadinho comigo a trabalhar nos meus objectivos…

 

Blog – Numa palavra só “A Corrida é…”

 

HJS –Vida

 

Blog – Quero desejar-te toda a sorte do mundo para concretizares esse teu sonho e que seja o 1º de muito

 

HJS – Obrigado, por essas palavras!

 

 

 

 

 

07
Ago18

Festa Nª Srª das Neves - Padroeira da Serra Montejunto

JP Felix Atleta

À 10 anos que andava para ir à Romaria da Nossa Senhora das Neves e todos os anos no dia 5 de Agosto estava longe. Tinha interesse em ver a relação que as pessoas das Aldeias vizinhas tinham com a Padroeira da Serra de Montejunto. Havia qualquer coisa que me puxava para a Serra no dia da Romaria e qual é o meu espanto quando passo a Miradouro da Cruz Salvé Rainha começo a ver a Serra em Festa. Vou avançando e há pessoas por todo o lado, incluindo algumas que vieram a cavalo em “modo peregrinação” – que fantástico!

 

Depois dei uma volta pela feira onde havia um pouco de tudo à venda: roçadoras, ferramentas, roupa, comes e bebes. A zona do parque de Merendas ao lado do Parque de Campismo estava repleta de pessoas.

fotofeira.JPG

 

 

Decido subir. Nunca tinha tido a oportunidade de visitar o Santuário. Quando venho treinar, caminhar, passear está fechado. Hoje era o dia de ver com “olhos de ver”. Um santuário branco, simples, mas com uma energia muito boa. Sentei-me e, entretanto, começaram a chegar pessoas e encheu. Cerca das 16h05m começa a missa. Quando acabou a missa a procissão. No final volto a descer e passeio na zona do Parque de Campismo, paro numa roulotte como uma bifana, bebo uma coca-cola. Resolvo ir até ao bar da Serra e bebo um café. Dou por mim a pensar que esta Serra é muito especial e que hoje tinha sido um dia especial para mim poder assistir a esta Festa.

foto1.JPG

 

 

07
Ago18

Apresentação

JP Felix Atleta

A criação deste Blog tem como objectivo divulgar, e aprofundar, as Aventuras do João Paulo Félix Atleta nas diferentes modalidades: atletismo (estrada e trail), Trekking e bicicleta (estrada e todo o terreno). A sua paixão são as Corridas de Longa Distância. Tem como principal objectivo dar a “Volta à Europa a Correr”. Concluiu os seguintes Desafios:

 

  • Desafio “Rota da Estrada Nacional N2” – 739,260m em 14 Etapas;
  • “1ª Volta ao Ribatejo a Correr” – 320k em 70.30h
  • “Porto-Lisboa a Correr: da foz do douro à foz do tejo” – 360k em 6 Etapas
  • “Tróia-Sagres a Correr” – 227k em 4 Etapas
  • “Volta à Europa a Correr: Barcelona-Vinaròs” – 200k em 4 Etapas

fotochegadan2.JPG

 

 

Em bicicleta conclui:

 

  • “Rota da Estrada Nacional N2” – 738 em 7 Etapas

fotobiclan2.JPG

 

 

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